De Dom Pedro à Dom Pedro I
Eu, Pedro de Alcântra Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, mais conhecido como D. Pedro, nasci em Queluz, 12 de outubro de 1798, e falesci em 24 de setembro de 1834, fui o primeiro imperador e também o primeiro chefe de Estado e de governo do Brasil (1822 a 1831), além de ter sido o 28º Rei de Portugal (durante sete dias de 1826).
Recebi os títulos de Infante, grão-prior do Crato, Príncipe da Beira, Príncipe real do reino unido de Portugal, Brasil e Algarves, príncipe-regente do reino unido de Portugal, Brasil e Algarves além de primeiro imperador do Brasil, como D. Pedro I, de 12 de outubro de 1822 a 7 de abril de 1831, e ainda 28º Rei de Portugal, durante um período de sete dias (entre 26 de abril e 2 de maio de 1816), como D. Pedro IV.
Em Portugal sou conhecido como O Rei- Soldado, por combater o irmão D. Miguel na Guerra Civil de 1832-34 ou O Rei-Imperador. Sou também conhecido, de ambos os lados do oceano Atlântico, como O Libertador - Libertador do Brasil do domínio português e Libertador de Portugal do governo absolutista.
Eu abdiquei de ambas as coroas: da portuguesa para a filha D. Maria da Glória e da brasileira para o filho D. Pedro II. D. Pedro I era o quarto filho (segundo varão) do rei D. João VI e de sua mulher, Carlota Joaquina de Bourbon, infanta de Espanha, primogênita do rei espanhol Carlos IV de Bourbon. Tornei-me herdeiro depois da morte de meu irmão mais velho, Francisco de Bragança (1795-1801).
As pressões das Cortes forçaram meu pai D. João a voltar para Portugal. Mas, para garantir a permanência da família no governo brasileiro, ele me deixou, era o príncipe D. Pedro, como regente no Brasil.
A maior parte da elite brasileira, formada principalmente de grandes proprietários de terra, eu apoiava a ideia de uma monarquia dual, ou seja, D. João (papai) governaria Portugal e eu continuaria governando o Brasil. O mais importante era garantir as liberdades conquistadas a partir de 1808.
Manter a monarquia portuguesa no poder era também uma forma de evitar uma mobilização social pela independência. Havia entre as elites um temor muito grande de um arebelião escrava, como tinha ocorrido no Haiti.
No entanto, as pressões das Cortes para recolonizar o Brasil levaram a elite brasileira a ideia da independência. Eu o príncipe-regente poderia liderar esse processo sem a necessidade de mobilizar as camadas populares.
As Cortes, percebendo o objetivo dos brasileiros, exigiram o meu retorno para Portugal. Contrariando as ordens diretas das Cortes, no dia 9 dejaneiro de 1822 eu decidi permanecer no Brasil. A decisão marcou o Dia do Fico.
As relações entre as Cortes e o Brasil agravavam-se a cada dia. Numa viagem que fiz até São Paulo, eu recebi algumas notícias de que as Cortes haviam reduzido o poder do príncipe regente. Na carta, o ministro do Conselho de Estado, José Bonifácio, insistia em que eu rompesse com Portugal. No dia 7 de setembro de 1822, eu rompi com as Cortes e proclamei a Independência do Brasil.
A minha abdicação foi no início de abril, já não era possível controlar as manifestações de protesto. Na capital e nas províncias, associações oposicionistas pregavam abertamente a derrubada do governo. Por fim, até membros do alto comando do Exécito aderiram à revolta.
Eu estava isolado politicamente, abandonado pelos militares, em 7 de abril de 1831, eu D. Pedro I abdiquei do trono e parti para a Europa. A Coroa ficou com meu filho, o brasileiro Pedro de Alcântara, na ocasião com cinco anos de idade. A renúcia feita por mim, significou a vitória das elites brasileiras e ruptura definitiva com Portugal.