Eu, Maria Francisca Isabel Josefa Antônia Gertrudes Rita Joana de Bragança ou D. Maria I de Portugal, nasci em Lisboa no dia 17 de dezembro de 1734, e morri no dia 20 de março de 1816, na cidade do Rio de Janeiro. Fui Rainha de Portugal de 24 de março de 1777 a 20 de março de 1816, sucedendo meu pai, o Rei José I. Eu fui antes de assumir o trono, Princesa do Brasil, Princesa da Beira e duquesa de Bragança.
Fiquei conhecida pelos cognomes da A Piedosa ou A Pia, devido à minha extrema devoção religiosa à Igreja Católica - demonstrada, por exemplo, quendo mandei construir a Basílica da Estrela, em Lisboa. No Brasil, sou conhecida pelo cognome de Dona Maria, a Louca, devido ao meu problema mental manifestada com veemência nos últimos 24 anos de minha vida, depois da morte do meu filho primogênito, que eu havia se recusado a vacinar contra varíola, por motivos religiosos.
A continuidade dinástica da Casa de Bragança ficou assegurada depois do meu casamento com o tio Pedro de Bragança. O casamento foi realizado no Palácio de Nossa Senhora da Ajuda, em Lisboa, a 6 de julho de 1760. Ele subiu ao trono como Pedro III, sendo feito 19.º marquês de Vila Viçosa, 20.º conde de Barcelos, 16.º conde de Guimarães, de Ourém, de Faria, e de Neiva, 22.º conde de Arraiolos. Tivemos quatro filhos e três filhas.
Embora no meu reinado, eu, seja tradicionalmente reconhecida como a primeira Rainha reinante em Portugal, isso é questionável, visto que Teresa Leão já havia sido reconhecida como tal pelo papa, em 1112. Meu primeiro ato como rainha, iniciando um período que ficou conhecido como a Viradeira, foi a demissão e exílio da corte do marquês de Pombal, a quem nunca perdoaria a forma brutal como tratou a família Távora durante o Processo dos Távoras. Eu fui Rainha amante da paz, dedicada a obras sociais, concedi asilo a numerosos aristocratas franceses fugidos ao Terror da Revolução Francesa (1789-1799). Era, no entanto, dada a melancolica e fervor religioso de natureza tão impressionável que quando ladrões entraram em uma igreja e espalharam hóstias pelo chão, decretei nove dias de luto, adiei os negócios públicos e acompanhei a pé, com uma vela, a procissão de penitência que percorreu Lisboa.
O meu reinado foi de grande atividade legislativa, comercial e diplomática, na qula se pode destacar o tratado de comércio que assinei com a Rússia em 1789. Desenvolvi a cultura e as ciências, com o envio de missões científicas a Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique, e a fundação de várias instituições, entre elas a Academia Real das Ciências de Lisboa e a Real Biblioteca Pública da Corte. No âmbito da assistência, fundei a Casa Pia de Lisboa. Fundei ainda a Academia Real de Marinha para formação de oficiais da Armada.
A 5 de janeiro de 1785 promulguei em alvará impondo pesadas restrições à atividade industrial no Brasil. Durante meu reinado ocorreu o processo, condenação e execução do alferes Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes.
Mentalmente instável, desde de 10 de fevereiro de 1792 fui obrigada a ceitar que o filho tomasse conta dos assuntos de Estado. Estava obcecada com penas eternas que o pai estaria sofrendo no inferno, por ter permitido a Pombal perseguir os Jesuítas, o via como ''um monte de carvão calcinado''.
Para me tratar veio de Londres o Dr. Willis, psiquiatra e médico real de Jorge III, enlouquecido em 1788, mas de nada adiantaram seus ''rémedios evacuantes''.
Em 1799, minha instabilidade mental se agravou com os lutos pelo meu marido D. Pedro III (1786) e meu filho, o príncipe herdeiro José, Duque de Bragança, Príncipe da Beira, Príncipe do Brasil, morto aos 26 anos (1788), a marcha da Revolução Francesa, e execução do Rei Luís XVI de França na guilhotina e o filho e herdeiro João assumiu a regência: D. João VI de Portugal.
Depois de ter passado alguns anos, fui proclamada Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 16 de dezembro de 1815.